Por Dra. Silvana Paula Cardin
CRM 101956
Recebi minha primeira dose de vacina contra COVID no final de janeiro de 2021, por ser profissional de saúde e por morar no Estado de São Paulo, onde a vacinação teve início.
Um ano se passou e agora a vacina é disponível para quase todos os pacientes que atendo, exceto os menores de cinco anos. Achei que minha angústia se daria apenas pela espera de doses para cada faixa etária, mas a cada grupo para o qual é liberado o acesso à vacina, continuo a assistir ondas de insegurança na população.
Os questionamentos se repetem: quanto à segurança da vacina e sua obrigatoriedade.
Ao chegarmos à realidade de vacinar nossos filhos e assumirmos a responsabilidade sobre algo que não dominamos, nos sentimos ainda mais pressionados diante da eminência desta decisão. Hora de ponderar…
Segurança é o conjunto de medidas que visa à proteção de riscos, perigos ou perdas a pessoas ou coisas. É mais seguro ter a doença do que tomar uma vacina?
Não parece nem um pouco.
Na faixa etária de 5-11 anos, tivemos 300 mortes de crianças por COVID-19 no Brasil, durante a pandemia. Nenhuma pela vacina, que já foi testada em 7 milhões de crianças nos EUA. A Anvisa aprovou duas vacinas destinadas a esta faixa-etária, baseada em dados de segurança e o Ministério da Saúde, as recomenda.
Este é o papel destes órgãos: analisar os riscos de segurança do uso de medicamentos e protocolos de tratamento, para que a população não adoeça!
Seria simples e racional analisar desta maneira, mas as notícias veiculadas sobre efeitos adversos das vacinas circulam tão frequentemente, que a dúvida abala décadas de credibilidade da ciência. Quase sempre as notícias são trágicas ou absurdas e alimentadas com histórias de cientistas dissidentes ou ex-cientistas, que se dizem injustiçados ou não se encaixam em determinado sistema. Usam seus metros de curriculum para convencer a gente, mas nunca apresentam dados concretos como esses acima.
Em quem eu acredito? Nos órgãos públicos, na ciência?
Ou em casos aleatórios, que nunca vejo dar em nada?
Obrigatoriedade. A gente imagina uma ação truculenta em todo mundo… mas não é assim que acontece. Ela se aplica na exigência de vacinação em dia para matrículas em escolas públicas, registros em concursos públicos e outros.
E, no caso das crianças, é direito e responsabilidade dos pais, estando prevista possibilidade de multa em caso de recusa. Recentemente, a ONU publicou um documento em que recomenda a obrigatoriedade de vacinas, especialmente contra COVID-19, apenas em casos de extrema necessidade de contingência, sendo a recomendação habitual a todos os países a não obrigatoriedade, nem discriminação aos não vacinados. O assunto, é pano para manga e a discussão vai longe…
Enquanto isso, aqui em casa, tá todo mundo vacinado. E muito obrigado!